É hora de seguir viagem, a partir do Pinhão. Mas vale a pena começar o trajeto com uma paragem. Do outro lado do Rio, na Quinta das Carvalhas e a poucos metros de regressar ao traçado da EN222, a vista é verde, muito verde, como num miradouro situado mesmo em cima do rio, e inesquecível.
Esta é, sem dúvida, a parte menos conhecida da estrada, mas ainda assim repleta de tesouros paisagísticos para descobrir. Além da EN222, há uma variante (a EN 222-3) cujo traçado se encontra mais próximo do Douro — a opção de seguir por uma ou por outra é pessoal e baseada, unicamente, nos pontos de interesse pelo caminho.
Seguimos até Ervedosa do Douro, onde há uma súbita mudança na paisagem a que nos fomos habituando nas últimas dezenas de quilómetros: mesmo que as vinhas ainda estejam no seu auge de verde, aqui os tons são mais áridos. Não deixa, ainda assim, de ser bonita a dança das vinhas pelas colinas, em diagonais que parece que se vão cruzar aqui e ali, sem nunca se chegarem a tocar. A estrada leva-nos até São João da Pesqueira, surpreendente pelo seu aspeto aprumado e organizado, como se tivesse estado sempre à nossa espera.
São Salvador do Mundo é um dos miradouros mais famosos do Douro e, por isso, vale a pena o desvio que é necessário fazer para lá chegar. Na verdade, o Miradouro de São Salvador do Mundo não é só um, desdobra-se em vários: há várias vistas possíveis, com diferentes perspetivas sobre a paisagem. Aqui está localizado o maior santuário do Alto Douro Vinhateiro. Além do Rio Douro, é possível observar a Barragem da Valeira e o Cachão da Valeira, bem como outros miradouros da zona.
Mais à frente, voltamos a encontrar a linha ferroviária do Douro e uma ponte digna de registo fotográfico, no Cais da Ferradosa. Aqui já não há vinhas, mas a paisagem continua a ser rodeada de verde, com muita natureza.
Nem só de miradouros se faz a passagem pela EN222 e a próxima sugestão de paragem pode parecer um pouco inusitada para a região onde nos encontramos: uma aldeia de xisto. São Xisto é, porventura, “a” aldeia de xisto com vista para o Douro. Está tão bem cuidada e conservada que dá gosto ver: há ruas estreitas, paredes nos tons de castanho a que o xisto nos habituou, rendas às janelas, portas e caixilhos pintados e, como toque final, uma maravilhosa e desafogada vista para o Rio Douro. Vale a pena espreitar o miradouro da aldeia e a vista para a linha de comboio.
Em Vargellas, é obrigatório espreitar mais um miradouro: o Miradouro de Vargellas. Depois, a estrada leva-nos até Murça do Douro e Mós, onde é possível comer com vista para mais pontes cénicas e alguns comboios, de quando em vez.
Não falta muito para a Estrada Nacional 222 acabar, mas antes cruzamos Vila Nova de Foz Côa. Aconselhamos uma paragem no Museu do Côa, com vista privilegiada para o Douro e para uma paisagem que, aqui, também se mostra diferente. Percebemos como o trajeto do Douro acompanha paisagens tão distintas e tão ricas, antes de chegar a Almendra e terminar esta viagem por algumas das mais bonitas paisagens de Portugal.