A terceira etapa do percurso pela Estrada Nacional 2 providencia a mudança paisagística mais evidente de todas. Antes, traz-nos o Centro de Portugal, cortado pela estrada. Depois, há estrada sem curva, mas com declives acentuados, rodeados campos imensos. Sim, a terceira etapa leva-nos à planície alentejana mas, antes disso, há muito para ver — e para comer. Esta é a mais intensa etapa e leva-nos a locais como Sertã, Vila de Rei, Abrantes, Ponte de Sor, Montargil, Montemor-o-Novo e Alcáçovas.
Verde, verde, verde… até perder de vista. As vistas na zona de Pedrógão, acompanhadas pelo serpentear do Rio Zêzere, dão um toque especial ao início da terceira etapa do caminho. Pedrógão Grande e Pedrógão Pequeno, separados pelo rio, dão-nos miradouros, barragens, ermidas e capelas e até uma ponte filipina. O Zêzere dá a estrela da sopa de peixe e há ainda bucho e maranhos para comer.
A lenda conta-nos que foi um momento passado no Castelo que deu o nome à terra: a mulher do chefe do Castelo terá atirado uma sertã (frigideira) com óleo a ferver aos invasores que atacavam, protegendo os seus. A Vila da Sertã ainda hoje assim é conhecida, e o Castelo é um dos pontos de visita obrigatórios.
O Centro de Portugal apresenta-nos, quase simultaneamente, o centro da Estrada Nacional 2. No quilómetro 369 estamos tão perto de Chaves como de Faro. A paisagem do Centro Geodésico permite-nos sonhar e, se focarmos bem, quase que Chaves e Faro aparecem no horizonte, ao longe.
O Ribatejo traz-nos Abrantes e a epifania das diferenças paisagísticas. Traz também um dos melhores repastos do caminho, ou dois. A central termoelétrica do Pego apresenta a chegada à cidade, ao longe, com os dois enormes cones cinzentos. Mas é o amarelo das casas que fica na memória, nas paredes cuidadas e nas sardinheiras em flor. A deliciosa palha de Abrantes também é amarelada, mas esses já são outros assuntos…
Percebemos que chegámos ao Alentejo quando saímos do carro e ouvimos o sotaque. E é esse mesmo sotaque que motiva uma das paragens de Ponte de Sor. A arte urbana volta a ter um papel principal no roteiro e, para a sobremesa (a segunda ou terceira sobremesa do dia, sim), não podem faltar os melhores crepes da Estrada Nacional 2.
Nem só de barragem se faz Montargil, mas é a barragem que é atravessada pela Estrada Nacional 2 que oferece as bonitas paisagens sobre as águas.
Foi em Montemor-o-Novo que se deu ordens para iniciar o caminho marítimo para a Índia, mas há mais história para se descobrir por aqui. Além disso, as famosas empadas também têm, obrigatoriamente, de integrar o roteiro.
Pode ser uma pequena freguesia, mas tem na sua história um dos atos mais importantes para Portugal — a assinatura do tratado de Alcáçovas. Como se não bastasse, tem um edifício coberto de conchas, com o mar a tantos quilómetros de distância.
Antes de partir para a última etapa, e que tal uns dias (ou um, vá) de descanso perto de Beja?
Mas se pretende seguir viagem, já sabe… Parta à descoberta da última etapa!